O privilégio do milagre da vida, no testemunho de um bombeiro

Esta madrugada tive o privilégio de poder ajudar mais uma mãe na concretização do milagre da vida. Testemunho, na primeira pessoa, de um dos bombeiros que assistiram o nascimento do Bernardo.

Tive um professor que dizia: «A vida é como uma peça de teatro, em que cada cena se sucede agarrando-se às deixas dos momentos vividos e construindo o seu próprio argumento». Nem de propósito… Quando ainda tenho tão presente uma entrevista sobre partos em ambulâncias, que dei recentemente a uma revista especializada, a cena com que hoje fui presenteado parece ter vindo na sequência deste enredo que, ora entusiasma, ora frustra, e que é a vida num corpo de bombeiros.

Pois é, esta madrugada tive o privilégio de poder ajudar mais uma mãe na concretização do milagre da vida. Desta vez, porém, o grau de dificuldade foi acrescido – o que, reconhecidamente, também traz uma maior satisfação e sensação do dever cumprido, mas acarreta, sem sombra de dúvidas, uma muito maior responsabilidade.

Tratou-se de um bebé em apresentação pélvica (isto é, nasceu de pés), com a agravante do cordão umbilical se encontrar literalmente enrolado a um dos membros superiores e ao pescoço. O curioso, mas aterrador, deste episódio foi, à nossa chegada, o pai assustado, mas também ingenuamente orgulhoso, informar-nos que «(…) o trabalho está quase todo feito, só falta a cabeça…».

Ai… se o pobre senhor soubesse onde estava metido… A criança estava a asfixiar, pois de cada vez que a mãe tinha uma contração, o cordão apertava, fechando as vias aéreas. Felizmente, chegamos a tempo e, num quadro de paragem ventilatória e cianose nas extremidades, conseguimos reverter a situação e, alguns minutos depois, já o Bernardo repousava no colo da mãe, embevecida.

Fonte: Luís Neto (via e-mail)

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