Mau tempo na estrada

A Condução e as condições meteorológicas adversas

As condições meteorológicas que caracterizam o Outono e o Inverno são fator de risco acrescido na condução, pois tendem a provocar redução da visibilidade e perda de aderência do veículo ao pavimento. Chuva, nevoeiro, gelo, neve e vento forte alteram substancialmente as condições da circulação rodoviária, cabendo ao condutor adotar comportamentos ajustados a estas situações e adaptar a condução às várias circunstâncias com que vai sendo confrontado.

Para atenuar estes efeitos, é necessário que o condutor:

1. Verifique regularmente as condições técnicas do seu veículo.

2. Adapte a condução ao estado do piso, às condições de visibilidade, ao estado e carga do veículo, às suas próprias condições psicofisiológicas e à intensidade do tráfego.

O VEÍCULO

Pneus – O piso molhado ou escorregadio provoca diminuição considerável das condições de aderência, as quais podem ainda ser agravadas por pneus em mau estado. Por isso, há que verificar o seu bom estado de conservação e a pressão, mantendo-a de acordo com o prescrito pelo fabricante, não esquecendo o sobresselente.

Sistema de iluminação e sinalização – Os faróis, as luzes de presença, de travagem (stops) e as luzes de mudança de direção (piscas) devem encontrar-se em boas condições de funcionamento. A limpeza dos vidros dos elementos óticos é essencial. No caso dos faróis, a sujidade pode reduzir-lhe a intensidade em 40%.

É importante assegurar também o bom funcionamento do sistema de travagem, da bateria, dos amortecedores, do limpa pára-brisas e do estado de conservação das escovas.

O COMPORTAMENTO DO CONDUTOR

Sendo, nestas condições, a deficiente visibilidade e a diminuição da aderência ao piso os maiores problemas, os principais comportamentos a adotar pelo condutor são:

1. Aumento da distância de segurança
2. Redução da velocidade
3. Circulação em médios

1. Aumento da distância em relação ao veículo da frente (distância de segurança)

O piso molhado ou escorregadio faz com que a distância de travagem (distância percorrida pelo veículo desde o momento em que o condutor inicia a travagem, até à sua imobilização total) aumente e, consequentemente, a distância de paragem, se for necessário parar o veículo. Assim, facilmente se compreende que em tais situações a distância de segurança, que depende apenas da avaliação do condutor, deve ser aumentada. Se o condutor do veículo da frente tiver que fazer uma travagem/paragem brusca ou uma diminuição inesperada de velocidade, o condutor que o precede terá tempo para agir, minimizando, assim, o risco de colisão.

O fator dominante na ocorrência de acidentes em cadeia, que acontecem, sobretudo, quando a visibilidade é reduzida, reside, sobretudo, na falta de manutenção de distâncias de segurança suficientes para evitar colisões, em concorrência com a deficiente visibilidade, que não permite ver a via para além do veículo da frente.

2. Redução da velocidade

A distância de travagem é tanto maior quanto mais elevada for a velocidade. É, pois, necessário reduzi-la quando a visibilidade se encontra diminuída. Só assim é possível travar dentro do espaço visível, espaço este que é menor com chuva, nevoeiro ou neve.

Por outro lado, a distância de travagem também aumenta quando a aderência ao piso se encontra prejudicada, pelo que, nestas condições, a redução da velocidade é o fator que mais pode contribuir para que a distância de travagem seja menor. Tendo presente que muitos acidentes se podem evitar com uma travagem e, se necessário, paragem atempada do veículo, facilmente se conclui da necessidade de reduzir tanto quanto possível essa distância.

Há que considerar ainda que quanto mais elevada for a velocidade, maior o risco de derrapagem, mais provável com piso molhado ou escorregadio.

Contudo, se o veículo entrar em derrapagem, o condutor não deve travar, deve desembraiar (para libertar as rodas motrizes) e tentar controlar o veículo por pequenos toques no volante, virando as rodas no mesmo sentido da derrapagem.

3. Circulação em médios

Com chuva, nevoeiro ou neve a visibilidade pode ficar muito reduzida. Nestas condições, é essencial ser visto pelos outros condutores e restantes utentes da via pública, pelo que deve circular com os médios. Em caso de nevoeiro, deve ativar, também, o farol de nevoeiro e ter presente que a circulação em máximos pode, neste caso, representar um risco acrescido, pois transforma o nevoeiro num écran branco que reflete a luz, reduzindo ainda mais a visibilidade. Para ver melhor, deve evitar o embaciamento dos vidros, através da regulação do sistema de aquecimento.

Além destes comportamentos, que devem ser sempre adotados, há situações que requerem cuidados específicos:

Com chuva
– É necessário tomar de imediato precauções quando das primeiras gotas de chuva. É no início, logo que caem as primeiras gotas, que o piso se torna particularmente escorregadio devido à mistura da água com a sujidade acumulada sobre a superfície da via. Modere, desde logo, a velocidade e aumente a distância em relação ao veículo da frente.

Poças de água
– Ao passar sobre uma poça de água, faça-o muito devagar e em 1ª velocidade, pois o choque com a água pode desequilibrar o veículo e provocar uma derrapagem. Posteriormente, experimente os travões que, estando molhados, poderão não funcionar bem. Deixe-os secar, conduzindo lentamente e pressionando ao de leve o pedal do travão. Para além disto, nunca se sabe se a poça de água esconde um buraco o que, principalmente se conduzir um veículo de duas rodas, pode ter consequências graves.

Aquaplanagem ou hidroplanagem
– A água, os pneus em más condições ou com pressão baixa e as velocidades elevadas podem causar a aquaplanagem. Esta ocorrência consiste na perda total do contacto dos pneus com o piso, deslizando o veículo sobre uma superfície de água, o que faz com que o condutor perca o controlo sobre a direção e, consequentemente, sobre a trajetória do veículo.
– O condutor deve, em caso de aquaplanagem, desacelerar o veículo sem travar. Quando sai do charco, o condutor deve ainda secar os travões.

Peões e condutores de veículos de duas rodas
– Os peões e os condutores de veículos de duas rodas ficam ainda mais vulneráveis ao circular com chuva. Os chapéus de chuva, no caso dos peões, a chuva nos óculos ou nas viseiras dos capacetes no caso dos “duas rodas”, prejudicam-lhes a visibilidade e o barulho da chuva impede-os de ouvir claramente. Têm tendência para fazer movimentos de desvio, a fim de evitar a lama e as poças de água. Na presença destes utentes, o condutor deve estar preparado para se confrontar com comportamentos imprevistos.

Com nevoeiro
– Com nevoeiro não se deve ultrapassar, pois a falta de visibilidade torna a manobra muito difícil e arriscada. Vêem-se mal os veículos que circulam em sentido contrário, havendo ainda que levar em conta que o veículo que segue à frente como que espalha o nevoeiro, dando ao condutor de trás uma falsa informação; ao ultrapassar, pode deparar-se-lhe um nevoeiro muito mais espesso. Com estas condições atmosféricas, a fadiga surge com mais facilidade, devido ao esforço do condutor para tentar ver sempre mais além.
– Por outro lado, o nevoeiro abafa os sons, ouvindo-se mal os outros veículos, sendo, por isso, aconselhável fazer uso do sinal sonoro, quando necessário.
– Se o nevoeiro for muito espesso, o condutor tem mesmo dificuldade em orientar-se, pelo que deve avançar “a passo”, tomando a berma direita como referência.

Com neve ou gelo
– Com neve e, principalmente, com gelo (ou geada), a aderência dos pneus ao piso é quase nula e o veículo facilmente pode patinar, tornando-se difícil controlá-lo. Para minorar este risco, coloque as correntes regulamentares nos pneus, de forma a aumentar a aderência. Deve-se circular a velocidade muito lenta; não fazer travagens ou acelerações bruscas e manobrar o volante com suavidade.
– Sentindo-se a direção “solta”, deve reduzir-se mais a velocidade sem fazer uso do travão, levantando o pé do acelerador e corrigindo suavemente a direção. Um outro aspeto a ter em atenção, e face ao qual há que tomar os devidos cuidados, é o facto de, ao depositar-se na via, a neve cobrir as marcas rodoviárias, chegando mesmo, por vezes, a impedir a visão dos sinais verticais. Com grandes nevões, o mais seguro é não viajar.

Com vento
– Há ainda que considerar um outro fator meteorológico perante o qual os condutores devem, também, adotar comportamentos defensivos. É o caso de rajadas de vento ou vento forte.
– Nestas situações, o condutor pode perder o controlo da direção do veículo, e, consequentemente, da sua trajetória, sendo este risco tanto maior quanto mais elevada for a velocidade.
– Para compensar este efeito, o condutor deve reduzir a velocidade e virar o volante para o lado donde sopra o vento, não esquecendo que, ao entrar numa zona mais abrigada, é necessário retomar a posição normal do volante.
– Também em zonas ventosas e em presença de veículos de duas rodas, o condutor terá que estar atento a desvios imprevistos da trajetória destes veículos, muito vulneráveis à força do vento.
– Por outro lado, quando se conduz veículos com cargas, nomeadamente cargas altas, há sempre o perigo de varejamento (oscilações de um lado para o outro). Quanto maior ou mais alta for a carga, mais resistência se verifica na deslocação dos veículos.
– Finalmente, os condutores dos veículos ligeiros e dos veículos de duas rodas, ao ultrapassarem ou cruzarem com aqueles veículos, e outros de grandes dimensões, devem aumentar a distância lateral porque, nesse momento, o efeito do vento não se sente e a trajetória tem tendência a desviar-se bruscamente.

ATENÇÃO:

Na condução sob condições atmosféricas adversas, o condutor deve evitar a realização de manobras desnecessárias, sobretudo a manobra da ultrapassagem, e reforçar a adoção de uma condução defensiva, adaptando a sua condução, particularmente, à redução da visibilidade e da aderência ao piso.

Quando viajar com condições meteorológicas adversas, sintonize as rádios nacionais e/ou locais para obter informações sobre o estado do tempo e das condições do tráfego nas vias.

Fonte: Educação Rodoviária – www.educacao-rodoviaria.pt


Os acidentes de viação em Portugal são a principal causa de morte entre a população com menos de 25 anos.

Cerca de 150 pessoas morrem diariamente nas estradas europeias e 10 000 são feridas.

Portugal é o país da União Europeia com mais elevada taxa de mortalidade rodoviária. Segundo dados da Brigada de Trânsito da GNR, desde o início do ano de 2005 e até 13 de Novembro, 950 pessoas perderam a vida nas estradas portuguesas e mais de 40 mil ficaram feridas.

À escala mundial, morre anualmente mais de um milhão de pessoas vítimas de acidentes de viação.

No dia 20 de Novembro assinala-se, todos os anos, o Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada.

Fonte: Direcção-Geral de Viação, Educação Rodoviária e Imprensa