Narrativas 1951 a 1952 de Francisco Joaquim Batista

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HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE PINHAL NOVO

Rudimentares Narrativas

1951 a 1952

A 1ª Bomba de água da AHBVPN

No ano de 1950, Francisco Joaquim Batista, que fazia parte dos corpos gerentes da Sociedade Filarmónica União Agrícola Pinhalnovense, exercendo as funções de secretário da Direção, da presidência de João Augusto Baltazar Parreira.

Em reunião de Direção, foi apreciado o estado de financeiro da Sociedade, sendo notado que havia uma verba de aproximadamente de quatro contos anuais para deslocações dos piquetes dos Bombeiros Voluntários de Palmela para os espetáculos de cinema explorado por aquela coletividade.

Como tal solicitei uma entrevista ao Secretário Geral do Conselho Nacional de Incêndios, Exmo. Senhor Dr J. Bastos, que me recebeu condignamente, interessando-se logo pelo assunto, que depois de uma troca de impressões me pediu o número de habitantes de Pinhal Novo e a sua posição geográfica. A resposta não se fez esperar, no último senso Pinhal Novo tinha 5.500 almas, desfrutando de um centro de comunicações ferroviárias e um desenvolvimento habitacional de grande extensão, fato que o Senhor Secretário Geral desconhecia, propôs que em lugar de um posto de Bombeiros organizar uma Secção porque lhe concedia para já um subsídio de 50 contos, estude o assunto e apareça a dar-me uma proposta.       

Depois da entrevista do Senhor Secretário, regressei a Pinhal Novo e dei conhecimento à Direção das démarches feitas em Lisboa, não conseguindo apoio da Sociedade F. União Agrícola para organização dos Bombeiros.

Por causa do subsídio dos 50 contos não descansei e dei conhecimento ao meu presado e amigo Álvaro da Costa Tavares, que se colocou logo à minha disposição para a fundação dos Bombeiros Voluntários de Pinhal Novo.

Para os devidos efeitos foi organizada a Comissão Fundadora, que foi assim constituída; Álvaro da Costa Tavares, José da Costa Xavier e Francisco Joaquim Batista.

 Marquei nova entrevista com o Senhor Secretário Geral do Conselho Nacional de Incêndios, para lhe comunicar que já se encontrava organizada a Comissão Fundadora dos Bombeiros Voluntários de Pinhal Novo, tendo o Senhor Secretário Geral entregue uma minuta para se estabelecer os Estatutos da nova Associação, em conformidade com a lei que regula a existência dos Bombeiros Voluntários no nosso País.

Entra-se então na fase de começar as primeiras dificuldades, porque não havia dinheiro nem bombeiros, mas num relativo espaço de tempo as coisas começaram-se a processar lentamente é certo, por falta de conhecimentos práticos para vencer rapidamente o que se desejava, mas organizou-se imediatamente uma inscrição de sócios, inscrevendo-se em primeiro lugar a Comissão Fundadora, que um mês depois já contávamos mais de 200 sócios. 

Com a colaboração do Senhor Rui da Costa Xavier, foram imitidos aproximadamente sessenta ofícios às entidades oficiais e particulares dando conhecimento da organização da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Pinhal Novo, solicitando também donativos, a fim de levar a efeito a referida Associação.

Aparece inesperadamente um donativo em vale telegráfico de cinco contos, do Exmo. Senhor Santos Jorge, já falecido a quem a Comissão Fundadora imitiu um agradecimento especial.

Em virtude dos números existentes de Associados procedeu-se á elaboração dos Estatutos da Associação, que depois de apreciados pelos sócios foram enviados para aprovação ao Conselho Nacional de Incêndios, com a data da Fundação, (1 de maio de 1951).

As reuniões da Comissão Fundadora, efetuavam-se na residência de Francisco Joaquim Batista, atendendo que não havia sede própria.

Agora vamos entrar na organização do Corpo Ativo, em virtude de estar a Associação Humanitária reconhecida oficialmente.

Novamente enfrenta-se sérias dificuldades, porque não podia ser organizado o Corpo Ativo sem existir um Comandante a quem compete essa organização.

A Comissão Fundadora, consultou várias pessoas para exercer esse lugar, de Comandante de Bombeiros, o que foi difícil, tendo-se de dar conhecimento á Inspeção de Incêndios.

O Exmo. Senhor Coronel Viana, Inspetor de Incêndios disse: o lugar de Comandante terá de ser executado pelo Senhor Batista, que contribuiu para a organização da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários, que por proposta do Presidente da Comissão Fundadora, senhor Álvaro da Costa Tavares, foi indicado o Senhor Francisco Joaquim Batista, para exercer o lugar de Comandante da nova Corporação de Bombeiros.

O Senhor Inspetor de Incêndios sancionou a proposta e forneceu ao novo Comandante toda a legislação referente aos Bombeiros Portugueses.

Depois das primeiras dificuldades vencidas, vamos à organização o Corpo Ativo; primeiro proponho ao Senhor Inspetor de Incêndios a nomeação do Senhor José da Costa Xavier, para Ajudante de Comando, a seguir organizo um Piquete para o Cinema, constituído por tês bombeiros com residência fixa em Pinhal Novo, e que já tenham feito parte de outras Corporações.

Para completa uniformização dos Bombeiros, o Comandante deslocou-se à Moita e Montijo, solicitando dos seus colegas três machados e três capacetes de metal.

Organizado o Piquete a Sociedade Filarmónica União Agrícola, requisita o piquete de Bombeiros de Pinhal Novo, pela primeira vez que aparecem no palco e foi feita uma grande ovação, e os Bombeiros Voluntários de Palmela nunca mais fizeram serviço em Pinhal Novo, facto que levou tempo, mas com muito trabalho foi conseguido.

Nota importante; do ofício enviado ao Exmo. Senhor Diretor Geral dos Caminhos de Ferro Portugueses, conseguiu-se 12 machados feitos nas oficinas gerais do Barreiro no valor de quatro mil escudos, (4.000$00).

Pelos Bombeiros Voluntários do Sul e Sueste, foi oferecido um jogo de escadas de molas, duas escadas de ganchos e quatro desferradeiras e mais tarde uma ambulância antiga.

Em setembro de 1951, por intermédio da Câmara Municipal de Palmela é entregue aos Bombeiros de Pinhal Novo, 50 contos, que se destinam ao pagamento do primeiro aparelho que possuímos, uma Bomba ÁSPI, Italiana fornecida pela firma Mocar, e respetivos chupadores.

Em julho de 1952, a Associação realizou a primeira aquisição com a firma Mocar, uma ambulância que custou 56 contos, para serem liquidados em prestações sem prazo fixado no seu pagamento, pagar quando a Associação tiver numerário disponível, caso único, concessão conseguida pelo Comandante Francisco Joaquim Batista.

O primeiro Quartel de Bombeiros foi instalado na garagem do Comandante Francisco Joaquim Batista, o segundo Quartel na antiga estrada dos Espanhóis, inaugurado pelo Senhor Governador Civil de Setúbal – Francisco Alberto Correia Figueira, em 1 de novembro de 1952, a primeira cerimónia de Bombeiros realizada em Pinhal Novo, na sessão inaugural foram oradores o Capitão José de Almeida Cassar, Presidente dos Congressos dos Bombeiros, Dr. Portugal da Silveira, advogado e António da Cruz Moreira, Presidente da Direção.   

Este acontecimento teve especial relevo, porque foi a primeira vez que um Governador Civil visitava oficialmente Pinhal Novo, motivo porque foi dado o seu nome ao Quartel inaugurado.

Assistiram à inauguração as Corporações de Setúbal, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela e Vendas Novas.

O novo Corpo Ativo de Pinhal Novo, fez exercícios escalando os quatro lanços de escadas de molas em sentido vertical, com magnífico sucesso.

Depois de um preâmbulo, que se recorda a Fundação dos Bombeiros Voluntários de Pinhal Novo, esclarecendo os primeiros dois anos da sua existência, esclarece-se, se não existisse a Sociedade Filarmónica União Agrícola, não havia Bombeiros Voluntários em Pinhal Novo, a quem a população Pinhalnovense deve a sua existência. 

O Fundador – Francisco Joaquim Batista (Comandante Honorário)        

José M F O Cebola