Vasco Manuel Miguel Marto

Data de Nascimento: 31 de janeiro de 1973

Posto: Subchefe

Profissão: Ser bombeiro (Parte I)

O atual coordenador de serviços dos Bombeiros Voluntários de Pinhal Novo foi admitido na corporação no dia 31 de julho de 1995. Tinha 22 anos e ouvira dizer que precisavam de um motorista de pesados no quartel. «Vim cá falar com o Comandante, mas nunca me passou pela ideia ser bombeiro», recorda. A sua história não é, por isso, a do miúdo que, de pequenino, se deixa fascinar pelas sirenes e pelos carros de bombeiros, mas antes a do rapaz que – não sendo muito aplicado na escola – cedo quis fazer pela vida e começar a trabalhar.

E começou «num bate-chapa muito conhecido ali na Volta da Pedra», por volta dos 12 anos, durante as férias grandes. Concluído o 6º ano de escolaridade, a escola não lhe parecia especialmente aliciante – «Nunca fui de estudar muito, tinha sempre muitas faltas, médias fracas…» – e foi antes fazer um curso de serralharia civil, com a duração de 3 anos, no Centro de Emprego de Setúbal. Depois, trabalhou numa serralharia da Quinta do Anjo. Até ir para a tropa.

«Por acaso», o serviço militar encaminhou-o para a área da saúde, com a especialidade de motorista de ambulância, no Hospital da Força Aérea, no Lumiar, e chegou a pensar que aí poderia tirar o curso de enfermagem. Mas como só se aguentou dois anos na tropa, que não chegaram para sair de lá enfermeiro, acabou por ir parar a uma serralharia palmelense. E a vinda para os Bombeiros, como assalariado, foi a forma de escapar às más condições de segurança na serralharia, a que atribui os problemas na vista (que o obrigam a ter de usar óculos).

Na corporação, e fora dela…

Admitido como aspirante, Vasco Marto rapidamente começou a somar ações de formação aos cursos de formação militar que trazia da tropa: curso de Tripulante de Ambulância, em 1995; cursos de promoção a Bombeiro de 3ª Classe, em 1997, e a Bombeiro de 2ª Classe, em 1998; curso de TAT (Tripulante de Ambulância de Transporte), na ENB, e curso de Salvamento e Desencarceramento, no CB, também em 1998; em 2000, concluiu cursos de aperfeiçoamento em Técnicas de Combate a Incêndios, de Salvamento e Desencarceramento (na ENB), de Condutores de Todo-o-Terreno e, ainda, o curso de promoção a Bombeiro de 1ª Classe (em que obteve a 2ª melhor classificação, com 15,64 valores).

Em 17 de novembro de 2001, na Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal, iniciou o curso de promoção ao posto de Subchefe e, após concluir novo curso de TAT e uma acção de formação de Combate a Incêndios Urbanos e Industriais (na Refinaria de Sines), foi promovido em dezembro de 2002. Na sessão solene comemorativa do 52º aniversário da Associação, em 1 de maio de 2003, recebeu das mãos da Márcia, a sua filha, as divisas de Subchefe – Ver Foto.

Posteriormente, Vasco Marto já concluiu o curso de promoção a Chefe, no âmbito do qual voltou à Refinaria de Sines, em 30 de abril de 2005, para uma ação sobre combate a incêndios urbanos e industriais – Ver Fotos, bem como o Curso de Matérias Perigosas – Nível 2, entre 23 e 27 de maio de 2005, na Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal (que achou particularmente duro). Para ser promovido a Chefe, falta-lhe apenas receber a nota do “Plano Prévio de Intervenção da Biblioteca”, o trabalho final de curso, que terminou recentemente.

Por fim, durante todo o mês de setembro de 2005, Vasco agarrou com unhas e dentes a oportunidade de realizar o curso de Tripulante de Ambulância de Socorro (TAS), ministrado pelo INEM (210 horas), que já perseguia há algum tempo e – reconhece – o deixou muito melhor preparado para intervir na emergência pré-hospitalar.

Este percurso não foi todo cumprido, a tempo inteiro, na corporação. Aos dois primeiros anos como assalariado da Associação, seguiram-se 7 anos como bombeiro fabril na Autoeuropa (onde desempenhou funções de motorista de pronto-socorro pesado e de chefe de equipa de bombeiros), para regressar, novamente, ao quadro de pessoal da Associação, como coordenador de serviços.

É esta a função que desempenha atualmente, desde janeiro de 2005, mas já depois de um interregno de um ano, em que se aventurou por Espanha, novamente como motorista, a carregar material desde uma pedreira na região de Saragoça até ao novo aeroporto de Madrid. À sua guarda tinha uma carga de 32 toneladas líquidas, num camião em que não trazia por companhia uma modelo de calendário: «O camião tinha uns cornos de carneiro à frente, daqueles mesmo enrolados, e acho que os espanhóis iam à bola comigo por causa disso», conta. Também não se esquece de ter apanhado «frios de rachar», de fazer 800 quilómetros num dia para vir a casa (todas as semanas) e, enfim, de a aventura espanhola acabar mal por lhe terem falhado com os pagamentos.

Na vida…

No seu perfil pessoal, num chat da Internet, Vasco Marto escolheu, como citação favorita, «nunca faças aos outros aquilo que não gostas que te façam a ti». E falarem-lhe alto ou «entre dentes» são duas das piores coisinhas que lhe podem fazer. Consta que já lhe fizeram «saltar a tampa» muitas vezes e, quando isso acontece – conta um colega –, «ele é capaz de tudo o que se possa imaginar». «Já fui pior», diz Vasco («Já andei à luta com 7 indivíduos em Palmela», conta, de um episódio que lhe valeu ficar detido uma hora para prestar declarações), mas garante que tenta resolver sempre as coisas a bem.

Os bombeiros Pedro Silva e Jorge Vinagreiro riem-se, ao recordar a história de umas talas disponíveis numa ambulância, que voaram pelo ar quando o Vasco as pediu ao Tiago (Silva) para aplicar num ferido e aquele não correspondeu de imediato; ou, mais recentemente, o episódio de uma impertinente que, depois de uma noite animada no bar da Associação, queria impedir a saída da ambulância e não arredava pé da frente da viatura: «O Vasco agarrou-a por um braço e levou-a de arrojo…», contam os colegas. «Saltou-me a mão», diz ele.

Já como jogador de futebol – passou pelas equipas do Quintajense, Botafogo (Cabanas), Comércio e Indústria (Setúbal) e Palmelense –, lembra-se de muitas vezes lhe «saltar a tampa», em campo. Melhor terá estado como dançarino do Rancho Folclórico da Lagoinha, a que pertenceu durante dez anos e onde, aliás, conheceu a sua mulher, que era o seu par.

Vasco continua a gostar de bailes e de bares (não de discotecas, diz), e de bola. É benfiquista (mas não se considera «doente») sem nunca ter posto os pés no Estádio da Luz. Diz que gosta de viagens («Mas a mais longa que fiz foi à Madeira, na lua-de-mel») e que adorava conhecer «África e as Arábias».

É para a Márcia (8 anos no próximo dia 17 de fevereiro) que vão todas as suas atenções no (pouquíssimo) tempo em que não está no quartel de bombeiros. Vasco é um pai muito orgulhoso e diz que a filha sai a ele, por exemplo, na paixão pelos animais. Por isso, gostava que ela fosse veterinária.

Profissão: Ser bombeiro (Parte II)

Vasco Marto continua a entender que ser bombeiro é, essencialmente, uma profissão. Mas há umas mais iguais do que outras… e a sua tem que se lhe diga!

É, desde logo, uma profissão de desafios e é disso que ele gosta, «todos os dias». Por exemplo, o trabalho, aparentemente rotineiro, de programar o plano de serviço diário (conjugando serviços requisitados de transporte de doentes com a necessidade de manter no quartel um efetivo operacional permanente para o socorro de emergência) pode tornar-se no maior dos quebra-cabeças. «Só há planeamento até um certo ponto; é um trabalho muito difícil porque os meios nunca são suficientes», considera. Para piorar a situação, o coordenador de serviço detesta não conseguir cumprir horários: «Para mim é uma doença», confessa.

Por outro lado, há o complexo jogo dos poderes e das dinâmicas interpessoais no quartel. Vasco Marto conhece-o bem porque, como bombeiro mais graduado da 3ª Secção do CB, é a ele que reportam todos os assuntos daquele grupo de operacionais. Também aqui, é pragmático. Diz que gosta de respeito e de disciplina, mas reconhece que a do quartel não pode ser tão rígida como a das estruturas militares: «Tem de haver uma maior flexibilidade, ou corre-se o risco de ficar sem tropas!»

E, depois, há a morte. A ideia de morrer não lhe tira o sono («Não penso nisso», é o que responde à pergunta sobre se tem medo da morte), e, se calhar, é isso mesmo que se espera de um operacional mentalmente predisposto, e tecnicamente preparado, para salvar vidas. Mas, mesmo quando não há nada a fazer e é a morte que vence, Vasco encara a vida do bombeiro com naturalidade: «Não fico a pensar nisso. O que não quer dizer que todos os acidentes graves não fiquem aqui dentro da cabeça, gravados numa caixinha que eu só abro quando quero».

Claro que também se lembra das vezes em que ajudou a nascer. A primeira, foi em junho de 1998, com o colega Rui Jorge Silva, num parto realizado dentro da ambulância, a seguir às portagens da Ford Eletrónica. A mais recente aconteceu em 11 de novembro de 2005 – Ler Notícia e Testemunho.

Feito um balanço geral, Vasco diz que uma das suas maiores vantagens é dormir que nem uma pedra, embora não tenha problemas em acordar ao toque do telefone na camarata. E até arrisca uma explicação para a sua capacidade de auto-controlo: será por fumar tanto?! Perguntamos-lhe se fuma muito e nem queremos acreditar na resposta.

O que Márcia Marto, a sua princesa, diz dele:

Adenda: Excerto de conversa on-line, em 13-01-2006, a propósito da ilustração da Márcia (sem que o Vasco tivesse visto os desenhos):

Lena diz:

Vasco, tu por acaso, lá em casa, tens assim algum quintal com campo e tens algum animal preso a uma árvore?? Lol

Vasco diz:

A uma árvore não, só nas casotas, acho

Lena diz:

Lol… Não tens nenhum burrinho, nem nada assim? Um animal de grande porte, por assim dizer…

Vasco diz:

Não

Vasco diz:

Dois cachorros e um gato e os cães são do tamanho do gato

Lena diz:

Lol… Última questão: por acaso não moras ao pé da linha do comboio?

Vasco diz:

Não. Moro na Lagoinha por detrás da casa dos caracóis que é bastante conhecida

Lena diz:

Lol, Ok… Tens uma filha com muita imaginação. Parabéns!

Vasco diz:

Não sei, se o dizes…

31.01.2006

Autor: Texto de Helena Rodrigues; Foto de Flávio Andrade, sobre ilustração de Márcia Marto; Digitalizações efetuadas por Américo Silvestre; Fotomontagens por Joaquim Vicente (com o devido Obrigado!)

Nota dos Webmasters: Este Bombeiro posteriormente foi nomeado 2º Comandante e depois Comandante Interino, Sendo atualmente Comandante dos Bombeiros de Pinhal Novo.

8 Replies to “Vasco Manuel Miguel Marto”

  1. – Os meus PARABÉNS, que este dia e o futuro sejam constituídos pelas maiores alegrias e saúde, junto dos teus familiares e amigos, por muitos e muitos anos.
    – Que a tua cooperação ao serviço da Humanidade, seja o elo forte, de quem quer colaborar na construção de um mundo melhor.

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  2. Li sobre o Vasco e achei sua história linda , sempre acreditando em seus sonhos e lutando pelos seus ideais e pela vida das pessoas, como ofício de sua profissão e de seu grande coração
    Um grande abraço
    Que Deus ilumine sempre seu caminho
    Cláudia-Brasil

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  3. Os meus parabens amigo Vasco.
    Tens uma filha com muita imaginação na primeira imagem ela diz que é ela e o pai,tu es o burro ? hahahahahahaha!
    E os tenis do futebol ainda tem o cimento agarrado?
    Não te chateis meu amigo,e desejo-te as maiores felicidades, para ti e tua familia.
    Alguma duvida contacta o Paulo Costa.
    Nota da Editora:
    Caro Bruno,
    Permita-me que defenda a nossa querida nova colaboradora (apesar de ela não precisar de advogada para nada, mas sabe como é… vivemos tempos conturbados, em que uns míseros cartoons incendeiam meio-mundo, e não há bombeiros que lhe valham; por isso, qualquer aspirante a editor deve encher-se de cautelas, mesmo num modesto sítio como este… também o jornal dinamarquês era um ilustre desconhecido e veja no que deu)…
    Repare bem: a ilustração tem 2 figuras humanas; a minha única dúvida é se ela está a atravessar uma via férrea ou uma ponte (agora já me inclino mais para a segunda hipótese). Enfim, as grandes obras de arte suscitam variadas interpretações ao longo dos tempos e chegam a justificar teses de doutoramento!
    Participe sempre! Cumprimentos (e para o Paulo Costa também)!

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  4. Temos o prazer de informar os nossos queridos leitores que o texto do retrato já está desactualizado. «Fui na 4ª feira ao estádio do Glorioso ver o jogo Benfica–Nacional da Madeira», acaba de me contar o Vasco. É notícias destas que a gente gosta de dar! Bom fim-de-semana a todos!

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  5. Assim está bem, Vasco tens uma boa folha de apresentação, em que pelo qual te esforças pelo que gostas, não tinha visto esta página mas gostei do que li, estás de parabéns.

    Nuno M. Leitão

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  6. Caros amigos;

    1ºQuero agradecer a todos os que comentaram a noticia do meu aniversário, me felicitando.

    2ºE em especial á Drª Lena, pela noticia, e sua elaboração, ao meu amigo Américo, pela digitalização e aplicações flash.

    3ºAo SrºJoaquim Vicente também o meu obrigado pela fotomontagem.

    Um Abraço Vasco Marto
    _______________________________
    Nota da Editora:
    Caro Vasco,
    Julgando poder falar em nome dos que colaboraram neste trabalho (só não me atrevo a falar pela ilustradora, lol), repito publicamente o que já te disse: não tens nada que agradecer, é um prazer escrever sobre vocês e se os nossos bombeiros não fossem pessoas genuinamente interessantes não haveria paixão pelo jornalismo que resistisse a dois anos (e 3 meses) a escrever sobre, e para, um público tão atento e tão exigente, mas tão apaixonante!
    Um beijinho. Helena Rodrigues

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  7. Meu caro amigo Vasco, é com enorme prazer que o felicito por este seu aniversário.
    Caso não se recorde de mim, fui seu colega na Autoeuropa (o PJ da Figueira da Foz). Caso me deseje contactar não exite.

    Um abraço
    Paulo Almeida

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