Quando soou a sirene para o exercício na escola EB1/JI nº 1 de Pinhal Novo, a primeira ação foi evacuar as crianças. Dezenas de alunos “passaram com distinção” no teste, em que foram sujeitos a técnicas de evacuação e avaliada a sua capacidade de resposta.
A intervenção especializada junto das crianças e adultos (educadores e encarregados de educação) centrou-se na implementação de técnicas de evacuação e foi conduzida pelo Gabinete de Psicologia de Catástrofe dos Bombeiros Voluntários de Setúbal, cuja responsável colaborou no exercício realizado em Pinhal Novo, no Sábado, 19 de maio. Face a um cenário de suspeita de fuga de gás (o exercício testou ainda os cenários de ameaça de bomba e incêndio na escola – Ler Notícia), o objetivo foi organizar e acalmar “as vítimas”, «fazendo o momento de espera até à posterior evacuação do local em linha de segurança», conforme explicou a psicóloga Sandra Coelho (na foto), Adjunta de Comando do Quadro de Especialistas dos BVS.
As crianças acabariam por ser evacuadas para o recinto do campo de jogos do Clube Desportivo Pinhalnovense. Até lá, a gestão do tempo de espera no exterior do edifício da escola concentrou as atenções da psicóloga, à frente de uma equipa que incluiu os jovens voluntários de Proteção Civil, formados pelos Bombeiros de Pinhal Novo em colaboração com a Junta de Freguesia. «O objetivo foi realizar o exercício numa hora quente [13:30h], para avaliar a capacidade de resposta dos intervenientes e a tolerância a vários fatores, como a sede, o calor e o pânico», explicou Sandra Coelho.
A técnica utilizada passou por dividir as crianças em sub-grupos, identificados por uma fita de cor própria atada ao pulso de cada criança. Foi também aplicada uma fita delimitadora de cada grupo, «para haver resguardo e delimitar um perímetro de segurança, que tem um efeito estabilizador importante, nomeadamente para combater a ansiedade e evitar o pânico», como explica a psicóloga. Neste tipo de cenário, os educadores e professores «funcionam como o elemento neutro e acolhedor», ou seja, desempenham o papel de mediador entre a equipa de socorro e as crianças. A estratégia passou, depois, por envolver as crianças em atividades que lhes são familiares e com as quais se identificam, como cantar ou correr para a frente e para trás.
No final, feita a avaliação da capacidade de resposta de todos os adultos e crianças, Sandra Coelho considerou os objetivos do exercício amplamente atingidos, já que «as crianças revelaram uma elevada tolerância à frustração». Por outro lado, «toda a gente estava muito motivada e cooperante», sublinhou a psicóloga, realçando o papel dos jovens voluntários que participaram no exercício. «Achei excelente e dou os parabéns à Junta de Freguesia de Pinhal Novo pela criação deste grupo», afirmou, considerando que «a melhor forma de manter o grupo coeso é fazendo com que os elementos continuem a ter formação».
A psicóloga dos Bombeiros Voluntários de Setúbal, que trabalha também com os Sapadores da cidade, confirma que a integração da Psicologia nos corpos de bombeiros é cada vez mais necessária e requisitada, a três níveis: para apoio psicológico e clínico individual aos bombeiros, para formação do corpo de bombeiros e para saída do psicólogo nas ambulâncias, quando ativado pelo chefe de serviço.
«O psicólogo tem de ser multifacetado», conclui Sandra Coelho, fazendo questão de sublinhar que a sua função está integrada numa hierarquia de Comando. Isso mesmo ficou bem evidenciado neste exercício, quando a psicóloga se recusou a prestar esclarecimentos à comunicação social local antes de terminar o seu trabalho e, mesmo depois, só o fez após obter autorização expressa do comandante operacional no local (no caso, o Comandante dos BVPN).
Fonte: Helena Rodrigues (texto); João Rolo (foto)


