Este quartel está cheio de “artistas”, com jeito para múltiplas atividades. A prová-lo está o “novo” veículo multiusos da corporação. De uma das viaturas DAF, oferecidas pela firma SOPOL, fizeram os bombeiros o seu novo VETA (Veículo com Equipamento Técnico de Apoio), equipado com um guincho e uma grua.
Os trabalhos decorreram no quartel, com mão-de-obra 100% caseira, e o resultado é um autêntico hino à reciclagem mecânica. É difícil contabilizar quantos pares de mãos (de bombeiros, mas também de outros amigos da associação) andaram de volta da viatura de mercadorias, especialmente aos fins-de-semana, para a transformarem num veículo com múltiplos usos para a operacionalidade do corpo de bombeiros. Neste momento, já ninguém diz que não se trata de um verdadeiro carro de bombeiros: já tem uma cabina vermelha, pintada pelos próprios bombeiros, e – conta um dos “mecânicos” – «já tem rotativos, rádio de comunicações e as luzinhas todas bonitas».
A viatura original – uma das três DAF oferecidas à associação (Ler Notícia) – já vinha equipada com uma grua telescópica. Todavia, a cabina e a caixa de carga estavam bastante degradadas e já não são as originais, tendo sido substituídas por outras, reaproveitadas de carros militares da mesma marca (cedidas pelo depósito de material do Exército português, situado no Entroncamento).
À “nova” viatura foi ainda acoplado um guincho mecânico que, segundo os bombeiros, pode servir, por exemplo, para retirar uma árvore caída na estrada ou para rebocar um carro atolado ou caído numa ravina. O veículo também servirá, noutro exemplo, para transportar viaturas desde o sucateiro até aos locais mais adequados para os bombeiros exercitarem operações de desencarceramento, em ações de formação.
Para chegar até aqui, passou-se por operações de desmontagem e montagem de peças, recauchutagem de pneus, montagem da cabina, pinturas, verificação dos circuitos pneumáticos, e até foi preciso descobrir porque é que o motor «não dava mais de 30 km/hora» e, de seguida, resolver esse problema. Foram muitas horas, muitas artes e outras tantas boas vontades. E, para assinalar à volta da mesa o convívio passado no quartel-oficina, também já se fez um almoço de cozido com grão e sopas de pão, à alentejana, num dos sábados de azáfama mecânica.
A mão-de-obra voluntária voltou-se agora para a outra viatura DAF, que os bombeiros desejam transformar em auto-tanque. Cabina e chassis estão prontos. Recentemente, os trabalhos consistiram em alterar a posição do escape («Era longitudinal e agora vai ficar na vertical, atrás da cabina», explica o elemento da Direção responsável pelo “pelouro” das viaturas). Portanto: o auto está pronto; já “só” falta o tanque.
Fonte: Helena Rodrigues c/ José Vinagre e Vasco Marto