No próximo dia 24 de abril, em frente ao quartel dos Bombeiros Voluntários de Pinhal Novo, em plena Avenida da Liberdade, vai estar ao vivo um dos símbolos da revolução de 25 de Abril de 1974: uma chaimite como as que, há 35 anos, integraram a coluna militar que saiu de Santarém rumo a Lisboa para acabar com o regime do Estado Novo. Esta é uma iniciativa da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Pinhal Novo, que conta com o apoio da Associação 25 de Abril e da Câmara Municipal de Palmela.
A participação das chaimites no golpe militar de 25 de Abril proporcionou a esta viatura blindada uma exposição pública que a colocaria, para sempre, na História de Portugal. A par dos cravos nos canos das metralhadoras, a chaimite transformou-se num dos ícones da revolução portuguesa.
De ilustre desconhecida até às manchetes dos jornais
Ao amanhecer daquele dia, as chaimites do capitão Salgueiro Maia foram as “estrelas” que defrontaram, no Terreiro do Paço, as unidades fiéis ao regime e, sem dispararem, levaram de vencida a oposição ao golpe. Ao cair da tarde, quando Marcelo Caetano aceitou a rendição, no Largo de Carmo, foi uma chaimite (a famosa “Bula”) que avançou, no meio da multidão, para o presidente do Conselho de Ministros abandonar o quartel da GNR e ser conduzido ao posto de comando do Movimento das Forças Armadas.
Ao recordar a data histórica, Otelo Saraiva de Carvalho explicou que a escolha daquela viatura, destinada sobretudo ao transporte de tropas, se ficou a dever ao facto de ser «um veículo mais ligeiro e fácil de manobrar que os carros de combate, com capacidade de virar no acanhado Largo do Carmo, cheio de gente, e entrar no portão do quartel-general da GNR».
A partir de então, a viatura concebida para a guerra colonial, e batizada com o nome da localidade moçambicana onde Mouzinho de Albuquerque tinha capturado Gungunhana, passou a ser figura obrigatória em qualquer livro, artigo ou documentário sobre a história recente de Portugal. A ponto de a Associação 25 de Abril ter ficado responsável por operar esta viatura chaimite, desmilitarizada, mas que ostenta matrícula militar e que, habitualmente, encabeça o desfile popular comemorativo da data, do Marquês de Pombal ao Rossio, em Lisboa.
Isso mesmo acontecerá este ano, saindo a viatura do quartel dos Bombeiros Voluntários de Pinhal Novo na manhã de 25 de abril, para chegar a Lisboa a horas do desfile. Na véspera, 24 de abril, o veículo ficará exposto, durante todo o dia, na avenida pinhalnovense também batizada “da Liberdade”. Aos comandos estará, como sempre, o Sr. João Paralta, funcionário civil das OGME, com o apoio de José Martins.
José Mário Branco, Jorge Palma e muitos mais
Para as 22 horas do dia 24 de abril, no salão dos Bombeiros, está também marcado um espetáculo com José Mário Branco, um dos mais importantes cantautores de Abril, numa organização da Câmara Municipal de Palmela, que promete várias surpresas. Portanto, o convite aos pinhalnovenses, e não só, é para que cheguem antes do espetáculo para apreciarem in loco a chaimite, receberem um cravo vermelho oferecido pelo município e, de seguida, cantarem e deixarem-se encantar com a melhor música portuguesa.
A assinalar os 35 anos do 25 de Abril, muitas outras iniciativas vão ter lugar na freguesia de Pinhal Novo e em todo o concelho de Palmela. Destaque para o Desfile das Instituições, Movimento Associativo e População, no dia 25 de abril, a partir das 15 horas, desde a sede da Junta de Freguesia de Pinhal Novo até ao Jardim José Maria dos Santos, onde participará, como habitualmente, a fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Pinhal Novo.
No dia 26, pelas 15 horas, terá lugar no auditório do quartel dos Bombeiros o espetáculo “Vozes da Liberdade”, em que participam os grupos corais da SFUA, da Associação de Reformados, Pensionistas e Idosos de Pinhal Novo e da Pluricoop.
Em Palmela, realiza-se pelas 11 horas do dia 25 de abril a Sessão Solene da Assembleia Municipal evocativa da data, que terá lugar na Biblioteca Municipal. A partir das 22 horas, no Cine-Teatro São João, é a vez de Jorge Palma subir ao palco.
Fonte: Helena Rodrigues

