Ao primeiro livro de poesia, publicado em 2006, Rosélia Palminha, funcionária desta Associação, não deixou de retratar o dia-a-dia do quartel de bombeiros e contar, em verso, histórias de socorros reais. Ver os seus poemas editados em livro foi um sonho tornado realidade.
Para Rosélia Palminha não foi muito fácil escolher algumas dezenas de poemas para integrarem o seu primeiro livro, uma edição de autor datada de abril de 2006, a que deu o título «Linhas e Entrelinhas». «Posteriormente, já encontrei outros textos que achei que deviam estar aqui [no livro], mas tenho coisas muito dispersas, porque já são 30 anos de escritos», diz a autora.
Entre os selecionados estão vários poemas que aludem ao quotidiano dos bombeiros, a que Rosélia se encontra ligada há quase 17 anos, quando foi admitida na AHBVPN, como funcionária da secretaria. Ora mais dramáticos (como em «Dura Realidade» – Ler aqui), ora num registo de verso mais simples e direto (Sai o 112 / Numa chamada de esperança / Eficaz, o socorrista / Em situação imprevista / Faz nascer uma criança), na obra publicada de Rosélia Palminha encontra-se também o relato, em verso, de uma história verídica ocorrida com o bombeiro do Quadro Auxiliar José Cristo, e que é das mais divertidas que, há anos, se contam na corporação (Ler «Rábula»).
A autora reconhece que não há um tema predominante na sua escrita e que adota estilos muito diferentes uns dos outros. «Sou muito subjetiva, os textos nem sempre têm rima, nem métrica. A mensagem é a que sai pela ponta da caneta, muitas vezes identifico-me com as coisas só depois de as ter escrito», explica, considerando que os temas só terão em comum o facto de resultarem dos «resíduos dos anos».
Num dos poemas, por exemplo, regressa às suas origens em Abela, concelho de Santiago do Cacém, a sua terra natal: Guardo bem na ideia / A calma essência / Da pacatez da minha aldeia. (…) Dessas grandes amizades, / Hoje não falo / Para não manchar estas páginas / Com as lágrimas da Saudade.
«O primeiro verso que fiz, estava na 4ª classe», recorda Rosélia Palminha. «Este gosto de escrever vem do meu pai [«Foi dele que herdei o jeito da rima», escreve, na dedicatória]; só que ele partiu e não me deixou nem um verso, e, para que isso não acontecesse comigo, pensei em fazer este livro», conta.
A sua primeira obra tornou-se, assim, numa espécie de objeto de culto, que a poetisa insiste em ir descobrindo, como se fosse por acaso. «Tenho-o espalhado em vários sítios da casa ou do trabalho e, às vezes, passo e leio», diz. Rosélia também gosta muito de o partilhar com aqueles que a rodeiam: «Dá-me muito prazer oferecer o livro e gosto de saber a opinião das pessoas».
Tal como tem acontecido todos os anos, Rosélia Palminha participou, em Novembro do ano passado, no «5º Encontro da Palavra Dita», uma organização conjunta da Junta de Freguesia de Pinhal Novo e da Câmara Municipal de Palmela, que teve lugar no quartel dos Bombeiros Voluntários de Pinhal Novo. No encontro participaram 39 poetas amadores do concelho de Palmela, com idades entre os 9 e os 86 anos, entre os quais poetas populares e crianças das escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico da freguesia. Cada poeta teve direito a declamar um poema na sessão, que resultará na edição do terceiro número da revista “Palavra Dita”, uma publicação da Junta de Freguesia de Pinhal Novo que reúne as produções apresentadas nestes encontros de poetas, fortemente implantados no calendário cultural da localidade.
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Esta notícia surge, neste sítio, muitos meses depois de ter sido proposta à poetisa. Pelo atraso, pedimos imensas desculpas. Esperamos ter provado que foi com muito gosto que recebemos o «Entrelinhas» das mãos da autora e que também o fomos folheando e descobrindo.
Fonte: Helena Rodrigues