Decorreu no fim-de-semana de 12, 13 e 14 de setembro o acampamento anual da Juvebombeiro do distrito de Setúbal, organização da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) que congrega os elementos mais jovens (até aos 30 anos) das corporações.
Este ano, os bombeiros montaram as tendas no parque do Centro de Educação Ambiental da Arrábida (CEADA). Não eram muitos, mas o ditado serve-lhes como uma luva: poucos, mas bons.
Talvez por falta de mobilização junto de cada uma das 25 corporações do distrito de Setúbal, foram apenas oito os Corpos de Bombeiros (CBs) representados no Acampamento Distrital da Juvebombeiro, num total de 33 cadetes participantes. O CB de Pinhal Novo foi um dos mais participativos, com 4 elementos, tal como os CBs de Santo André e Sines, logo atrás das corporações do Barreiro (Sul e Sueste com 9 elementos e Salvação Pública com 5) e dos Bombeiros Voluntários de Setúbal (com 5 participantes). As corporações de Águas de Moura e da Trafaria participaram no acampamento com um representante.
Com mais ou menos participantes, o acampamento cumpriu o seu principal objetivo, que consiste em proporcionar a interação e convivência entre os mais jovens dos quartéis. «Queremos que os jovens saiam daqui com novos amigos e com uma ligação entre eles boa e de união entre os bombeiros das várias corporações do distrito», explica Cláudio Santos, delegado distrital da Juvebombeiro, não deixando de lamentar as reservas com que «alguns Comandantes» ainda olham para a Juvebombeiro e que fará com que não incentivem mais a mobilização dos jovens para estes convívios.
Segundo aquele Bombeiro de 2ª Classe de Águas de Moura, estimular a união e espírito de equipa entre os bombeiros «é um trabalho que leva muito tempo e requer muita organização». Por isso, quanto mais cedo se começar, melhor. E, neste acampamento, apostou-se, sobretudo, na vertente lúdica e desportiva para atingir o objetivo.
Com Cláudio Santos na organização do acampamento esteve uma equipa constituída por mais oito monitores de várias corporações do distrito, acompanhados pelo Adjunto de Comando dos Voluntários de Alcochete, José Martins, e pelo Chefe Joel Carvalho, dos BV do Montijo, responsáveis pela articulação com a Federação dos Bombeiros do Distrito de Setúbal. Foram eles os responsáveis, por exemplo, por assegurar o recolher obrigatório à noite («não são obrigados a dormir, mas toda a gente recolhe às tendas à meia-noite», explica Cláudio Santos) e a vigilância do acampamento até à alvorada. Pelo meio, não faltaram atividades para manter as mentes e os corpos ocupados.
«Vá, deita-te lá, chavala!…»
Em termos de atividades, o programa do acampamento deste ano começou na sexta-feira, após a montagem das tendas e o jantar, com um “Jogo dos Enigmas”, em que os campistas participaram divididos por equipas. No sábado, o dia começou com uma caminhada entre o CEADA e o Alto do Formosinho, o ponto mais alto da Serra da Arrábida (numa distância aproximada de 6 quilómetros), a que se seguiu, da parte da tarde, a componente mais formativa do programa, com atividades de escalada e rapel conduzidas por elementos da Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal.
Mais para o final da tarde de sábado, 13 de setembro, fomos encontrar os participantes no acampamento – paredes-meias com o parque de campismo dos Picheleiros, onde se desenrolava um animado bailarico com banda ao vivo – dispersos pelo parque, num exigente “Jogo de Pistas”. Divididos em equipas com nomes de aves (Os Piscos, Os Falcões, As Corujas, Os Melros, Os Tordos, As Toutinegras, As Águias, Os Andorinhões…), os jovens bombeiros desesperavam por localizar e descodificar as pistas que lhes permitiriam aceder a várias tarefas.
Uma delas consistia em construir uma maca com dois troncos e vários lençóis. «A maca tem de ser perfeita?», perguntava um dos jogadores. «Não, tem é de transportar a pessoa», explicava a monitora. A “pessoa” era um dos colegas da equipa, que faria de vítima. «Se a pessoa cair, vocês perdem», dizia a monitora. «Perdem… e eu aleijo-me!», lamentava-se a “vítima” da equipa d’ As Corujas, escolhido para testar a maca por, alegadamente, ser o mais leve dos quatro, apesar da sua altura. Ao que parece, a “vítima” era dos BV Sul e Sueste, porque alguém fez questão de salientar que os «bombeirinhos do comboio não têm medo, pá!».
Filipe Tiago, dos BV de Santo André, liderou a tarefa de fazer a maca. «Se o meu Comandante visse isto, ai ai…», desabafava. Aplicou-se imenso porque já antes pedira para acrescentarmos «uma anotaçãozinha» à “reportagem”: «Até agora, nós somos os campeões!»
E, de facto, As Corujas não se saíram nada mal com a maca improvisada. Melhor do que Os Piscos, a que pertencia o Flávio, um dos cadetes do CB de Pinhal Novo, só entre mulheres. «Vá, deita-te lá, chavala!», dizia uma das colegas para outra, quando a maca ficou pronta. Ela deitou-se e lá cumpriram o percurso obrigatório sem a “chavala” cair ao chão, embora nunca tenhamos visto uma maca que vergasse tanto perante o peso de uma vítima…
Fonte: Helena Rodrigues, c/ Fernando Pestana

