Entrevista com o senhor Pimentel

Função:
Data de Nascimento: 5 de setembro de 1926
Profissão: Reformado
O senhor Pimentel, (Francisco Pinheiro Pimentel) é um ”filho adotivo” do Pinhal Novo.
Nasceu em Casal Pinheiro, concelho de Alenquer, no ano de 1926.
Frequentou a escola em Vila Nova da Rainha, Azambuja, onde fez exame da quarta classe, terminando com distinção o ensino primário.
Trabalhou inicialmente na localidade de Samora Correia e foi de lá que decidiu, em 1944, com 18 anos, vir para o Pinhal Novo, onde começou a trabalhar na loja do João Baltazar Parreira & Irmão, como encarregado de caixeiro.
Foi aqui que conheceu uma jovem de nome Ludovina Augusta Rodrigues, pela qual se apaixonou e a 17 outubro 1954, casou e que ainda hoje partilha os seus dias.
Com esta união resultou o nascimento do seu único filho, Jorge Luís Rodrigues Pimentel, que por sua vez o presenteou com um neto, o Rafael Filipe.
Entretanto em 1958 foi convidado pelo Américo de Sousa Lopes (proprietário da Adega ASL) para ir trabalhar nos escritórios da sua empresa situada no Alto da Cascalheira, onde se manteve durante 12 anos, após os quais tomou de trespasse a loja do senhor Francisco Bento, no ramo de mercearia e retrosaria.
Acabou também, por motivos de saúde familiar, trespassando esta loja, mas já então trabalhava na Cooperativa da Siderurgia Nacional em Paio Pires. Daqui se reformou, aos 65 anos como chefe de compras.
Mas em paralelo, o Francisco Pimentel teve uma vivência enriquecedora no âmbito do associativismo local, colaborando nos órgãos sociais das Assembleias Gerais, Direções e Conselhos Fiscais, marcou a sua presença em todas as Associações e Clubes da nossa terra.
Fez parte, como primeiro Secretário, da primeira Direção, da então Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Pinhal Novo, da qual é hoje o sócio mais antigo e sócio honorário.
Esteve noutros mandatos ao longo dos tempos, tendo sido condecorado com dois diplomas e duas medalhas “Grau Ouro”.
Como bom fadista que é, organizou, apresentou e interpretou vários espetáculos, não só de fados e guitarradas, mas também peças de teatro, revistas, variedades, tudo com os “artistas locais“ a sempre bem recebida “prata da casa”.
Mencionando apenas algumas, começo pela primeira, na SFUA – Sociedade Filarmónica União Agrícola.
A peça “Oh Vai, Oh Racha” de autoria do então chefe da estação, Tomaz Fernandes.
Anos mais tarde, em parceria com o seu amigo, Álvaro Amaro, conhecido barbeiro (aquele que certamente mais tempo se manteve na sua profissão). Isto é um “à parte“ que considero digno de mencionar, escreveram, representaram e cantaram, algumas revistas, nomeadamente: “Pinhal Novo, Quem Te Viu e Quem te Vê”, “Ó Zé Aperta o Cinto E Toma Lá Pelos Queixos”. Nos Bombeiros Voluntários de Pinhal Novo, apresentou um concurso cultural, intitulado “Ferra o Bico“. Também nos Reformados apresentou e cantou numa revista que percorreu algumas zonas do Alentejo e Algarve, esta da responsabilidade de Maria Celeste Tapadinhas.
De igual forma o Francisco Pimentel organizou o primeiro e último concurso de fados no Clube Desportivo Pinhalnovense, do qual foi membro do júri com Álvaro Amaro e Nuno Fernandes.
Foi colaborador nas festas anuais do Pinhal Novo, onde por várias vezes cantou o fado e apresentou vários programas.
Pelo entrudo, no chamado enterro do bacalhau, lá estava o Francisco Pimentel, no coreto, com os seu versos, deixando a herança do “José Maria Bacalhau“ aos habitantes, comerciantes e instituições mais emblemáticas da nossa freguesia.
Ainda em Palmela, a convite da Câmara Municipal organizou, apresentou e cantou, no Cineteatro S. João, espetáculos de fados e guitarradas com amadores do concelho, também organizado pelo Grupo Desportivo Fonte Nova.
Em Setúbal, participou no 2º concurso de fados, nesta altura já com 68 anos, entre 15 finalistas, obteve o pomposo 3º lugar, no valor de vinte mil escudos.
Foi membro ativo do grupo coral da Cooperativa de Consumo Pinhalnovense como cantor e apresentador.
Foi redator desportivo do Jornal Concelho de Palmela. Na cabine do Clube Pinhalnovense apresentava a constituição das equipas e os seus patrocinadores.
Fez parte integrante dum conjunto musical, (baterista) privativo do Pinhalnovense.
Tem uma veia poética, bem afinada, o que se pode constatar nos vários livros de poesia editados pela Junta da Freguesia de Pinhal Novo. Na rádio local, com seu amigo João Silva, apresentaram um programa de fados e poesias com poemas dos próprios apresentadores.
Nos Bombeiros Voluntários desempenhou um papel muito interessante no chamado “Totoloto dos Bombeiros“.
Estou quase certa que no Pinhal Novo, não deve haver Associação nenhuma em que nos seus livros de atas não esteja representada uma das caligrafias mais bonitas que conheço.
Certamente muitas coisas ficaram por mencionar, pois é largo o leque de atividades desempenhadas por este nosso amigo.
Porém, tudo isto já nos deixa uma ideia muito concreta do saber e da partilha com a qual, ao longo dos anos nos comtemplou.
Obrigado, em nome da nossa Terra.
Fonte – Maria Rosélia Palminha































































Colar de Honra – Entregue em 4.5.2024, no 73º Aniversário

